O Pelos Flancos, instituição sempre muito ligada no que acontece no Brasil e no mundo, não podia deixar de comentar sobre a inauguração dessa engenhoca científica que é o
Large Hadron Collider, ou
LHC, um baita dum acelerador de partículas "pesadas", ou
hádrons (e.g. prótons e nêutrons). Estamos falando aqui do maior aparato para experimentos científicos da história da humanidade, minha gente. A geringonça é de se respeitar.
O LHC foi construído na região da fronteira entre a França e a Suíça e com ele o pessoal da física de partículas e da cosmologia (dentre outros) vai ter muito com o que brincar por um bom tempo. Basicamente o que se pretende com essa parafernalha toda é encontrar o danadinho do
bóson de Higgs (uma partícula fujona nunca antes observada experimentalmente), comprovar a existência de partículas
supersimétricas (uma mania que os teóricos têm de achar que toda partícula no universo tem o seu par perfeito) e tentar observar evidências experimentais da existência de outras dimensões (não estamos falando daquelas "dimensões paralelas" da ficção científica, mas de outras dimensões além dos 3D * que a gente conhece). Dentre
otras cositas más, por supuesto.
Por ser eu um estudante de Física, meus amigos leigos nessa disciplina têm me feito muitas perguntas sobre o tema, tais como "Por que esse acelerador é tão especial?", "O que é um acelerador de partículas?", "O que são partículas pesadas?". Bem, para vocês que querem saber um pouquinho mais sobre o LHC e não têm um amigo físico inteligente, sabido e didático como eu para perguntar, fica registrada aqui a dica para a mais didática lição sobre o LHC que está rolando por aí: o
Large Hadron Rap, uma maneira super irreverente e criativa que o pessoal encontrou para explicar sucintamente do que se trata esse trem.
Mas nem tudo são flores, mocinhas e rapazes do meu Brasil. Tem uma turminha de cientistas por aí que está contando com a inóbvia e tenebrosa possibilidade de ocorrer uma catástrofe gigantesca. Isso tudo porque os experimentos do LHC podem gerar
buracos negros minúsculos, mas muito pequenininhos mesmo, que acabariam engolindo um ao outro, crescendo de tamanho e por fim engolindo todo o nosso vulnerável planetinha, levando a humanidade a um tragicômico fim. A questão é que as chances de uma coisa desse tipo acontecer são as mesmas de uma bola de tênis atravessar um muro ao ser atirada contra o mesmo. Tá bom, não sei se as chances são exatamente as mesmas, mas digamos que sejam tão pequenas quanto. A moral da história é: não há com o que se preocupar. Inclusive, para deixar o leitor mais tranquilo, postamos
aqui uma imagem ao vivo direto do LHC, para vocês verem que está tudo bem por lá.
Infelizmente nem todos vivem num país como o Brasil, onde a imprensa trabalha com notável seriedade (caso Isabella Nardoni, só para citar um exemplo). Na Índia a mídia criou um sensacionalismo negativo tão grande em cima do tema que o povo ficou doido de pavor e lotou as igrejas de lá nos últimos dias. Não achem engraçado porque nessa onda de pânico uma jovem de 16 anos
se suicidou na quarta-feira passada, dia 10/09. Tudo bem que as jovens mocinhas indianas têm a maior
taxa de suicídio do mundo, mas mesmo assim a gente deixa registrado aqui o nosso luto por essa jovem garota, cujo exemplo o Pelos Flancos deseja que ninguém siga.
*Desculpe-me, Albert. Se eu colocasse 4D as pessoas poderiam não entender o que eu queria dizer.
Leitura sugerida.
Pelos Flancos: vivendo cada dia como se fosse o último.
Pelos Flancos: simples assim.
